Machismo à espreita do Futebol brasileiro, inclusive no mundo
Mulher no Futebol e o machismo |
Professora do
Bacharelado em Estudos de Gênero e variedade da Universidade federalista da
Bahia (UFBA), Maíra Kubik garante que a mídia tende a ecoar estereótipos e, por
isso, nela, a mulher ocupa exclusivamente seus papeis mais tradicionais, como o
de senhora de lar ou de mãe. "Pesquisas comprovam que, por exemplo, em
matérias de economia, a senhora é entrevistada no supermercado para discursar
sobre o acréscimo dos preços, enquanto os homens são os economistas, que
interpretam tecnicamente", explica.
No facto exclusivo do futebol, ela aponta que a senhora é abordada muito mais
como "musa" do que como "desportista". "No Brasil do
machismo, o lugar da senhora não é no futebol, que embora tido como um nicho
masculino. E, por isso, mesmo conquistas corajosas como a de Marta e Formiga
não recebem visibilidade", esclarece.
A professora ressalta que estudos críticos da ilustração comprovam que o
machismo na cobertura esportiva é tão extenso que, mesmo quando as mulheres
alcançam qualquer espaço, são retratadas em ângulos que visam enfatizar partes
especificadas dos seus corpos, de formato a retratá-las bem mais como elemento
sexual do que elas como atletas.
Machismo à espreita do Futebol brasileiro
A militante feminista Isa Penna sobrepõe que, independente da aparência que
você explorar a cobertura da mídia esportiva brasileira, irá localizar o
machismo à espreita. De acordo com ela, até mesmo no jornalismo esportivo o
papel da senhora é desigual. Os homens são os comentaristas. Elas, as
apresentadoras. "As mulheres trabalham quase como enfeites. Quem dá a
linha editorial da cobertura são os homens", aponta.
Isa observa que o machismo igualmente está impresso nos salários pagos.
Enquanto os jogadores chegam a comerciar cifras milionárias, as mulheres ganham
entre R$ 320 e R$ 2 mil. Há somente dois anos, em 2013, os salários delas,
embora baixos, alteravam de R$ 800 a R$ 5 mil. "Isso mostra que, neste momento
de crise econômica, os patrocínios para o futebol feminino são os primeiros a
serem cancelados ", afirma.
Ela acrescenta que, recentemente, há 800 times de futebol masculino inscritos
nos campeonatos regionais. Já os femininos são apenas 175. "Em São Paulo,
os principais clubes não tem seleções femininas. O Santos, que tinha, fechou recém,
com a caduca justificação de que falta patrocínio", relata.
O repórter esportivo José Roberto Torero considera que o futebol feminino ainda
é bem desconsiderado não só no Brasil, mas em vários diferentes países com
tradição no esporte. De combinação com o repórter, o futebol feminino só se sobressai
mesmo nos países em que o masculino não é forte, como na Suécia, na Noruega e
nos Estados Unidos. " Semelha que as mulheres ainda não têm concessão para
jogar futebol", afirma.
Dentre os fatores, ele igualmente cita o machismo, que faz com que o público
encare os esportes mais brutos, de maior contato, como puramente masculinos.
“Vôlei, que não tem contato, mulher pode jogar. Basquete, fica o meio termo.
Mas futebol, não”, esclarece. O jornalista esportivo adverte igualmente
que as mulheres vêm conquistando espaço em práticas como a natação e o
atletismo, mas, mesmo no país do futebol, não rompe a barreira dos lugares exclusivos
dos homens.
Torero afirma que, mesmo na cobertura do jornalismo esportivo, o papel das mulheres
ainda é raro. "Jogadoras como a Marta e a Formiga teriam bem a colaborar
com comentaristas, mas não são sequer acenadas para falarem a respeito de
partidas masculinas. O máximo de espaço que as mulheres ocupam é para comentar
partidas das próprias mulheres", observa ele.
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